O Arquipélago de Berlengas – Portugal 🇵🇹
- 02/09/2020
- Portugal / Turismo
Praias calmas e de águas cristalinas, cavernas inexploradas e de uma beleza indescritível, e gaivotas, muitas gaivotas! Um conjunto de ilhas onde a junção dos climas Mediterrânico e Atlântico deu origem a um ecossistema único no mundo. O Arquipélago das Berlengas é assim, um pequeno santuário da natureza – inexplorado e quase selvagem – no litoral Português.
“Nas Berlengas do mar pessoa alguma vá caçar”, escreveu D. Afonso V, em uma carta datada de 1465. O monarca português foi o primeiro a reconhecer a riqueza biológica e a necessidade de preservação da fauna e da flora no arquipélago.
Classificado desde 1981 pelo Estado Português como Reserva Natural e, em 2011, como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO, as Berlengas são um lugar ímpar, daqueles que merecem ser visitados pelo menos uma vez na vida!
Mas, apesar de toda a beleza do lugar, é preciso alertá-lo que, dependendo da maré, a travessia de barco do continente até a ilha, pode não ser uma experiência muito agradável. Digo isto por experiência própria pois pegamos um dia em que o mar estava super agitado e as ondas simplesmente, gigantes!
Sobre o Arquipélago das Berlengas
O Arquipélago das Berlengas é a quinta Reserva Mundial da Biosfera de Portugal. As outras são as ilhas do Corvo, Flores e Graciosa (nos Açores), e a Reserva do Paul do Boquilobo (na bacia hidrográfica do Tejo).
As Berlengas apresentam um patrimônio biológico e geológico com elevado interesse de conservação, que engloba espécies de plantas únicas, aves marinhas, habitats protegidos e um dos mais ricos ecossistemas marinhos das águas portuguesas.
Localizado a aproximadamente 7 milhas do Cabo Carvoeiro, em Peniche, o arquipélago é composto por três ilhas: a Berlenga Grande, as Estelas e os Farilhões-Forcadas.
A maior ilha do arquipélago é a Berlenga Grande, com 1.5km comprimento e 800 m de largura. Ela é a única ilha habitável e, também, a única que pode ser visitada.
Berlenga Grande
A Berlenga Grande “apresenta um caráter planáltico evidente, tendo a forma aproximada de um 8 cortado por inúmeras reentrâncias. A interação de algumas falhas geológicas originou o aparecimento das belas grutas e reentrâncias que conferem um perfil peculiar à ilha.” (ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas*)
A povoação da Berlenga Grande ocorreu em 1513, quando uma comunidade de monges da Ordem de São Jerônimo decidiu fundar na Ilha da Berlenga Grande, o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga. com o intuito de oferecer auxílio aos náufragos. Depois de 35 anos, já cansados dos inúmeros ataques dos corsários – que saqueavam o convento e capturavam os monges para com eles abastecerem o mercado de escravos do norte de África – os monges decidiram abandonar o arquipélago.
Do mosteiro atualmente só restam alguns muros e pedras soltas. No seu lugar, foi construídoo único restaruante da ilha o Mar e Sol, que fica bem próximo do ancoradouro.
Depois de muito tempo, em meados do Século XVII, D. João IV ordenou a edificação de uma fortaleza na ilha. Foi então construído o Forte de São João Batista, cujo objetivo era reforçar a defesa da cidadela de Peniche.
O que fazer nas Ilhas Berlengas?
Apesar do nome, a Ilha da Berlenga Grande é bem pequena e pode ser explorada em poucas horas. Portanto, não vá esperando encontrar inúmeros atrativos por lá pois você pode se decepcionar. A ilha é considerada um paraíso para os mergulhadores e para os amantes do Birdwatching.
Se você não se encaixa neste perfil, poderá nadar e relaxar na Praia do Carreiro do Mosteiro – a única acessível a pé no arquipélago – percorrer as trilhas e se encantar com a paisagem.
O Bairro de Pescadores é a sua primeira parada na ilha pois fica muito próximo ao ancoradouro. Lá, como o próprio nome diz, você vai encontrar algumas casas de pescadores e o Restaurante Mar e Sol (o único da ilha). É lá, também, que fica a sede do projeto Life Berlengas.
Caso você esteja sozinho (sem guia), sugiro que conheça o projeto e pegue um mapa da ilha. Isto é importante porque há algumas trilhas em que você não poderá circular. São os caminhos para pesqueiros que são autorizados apenas a pescadores.
Ao deixar o Bairro dos Pescadores você poderá seguir dois caminhos distintos: A trilha da Ilha Velha e a trilha da Berlenga.
Trilha da Ilha Velha
A trilha da Ilha Velha, cujo percurso é circular e bem fácil, vai levá-lo a um habitat de Gaivotas. Neste círculo, você poderá visualizar pequenas ilhas, denominadas Cerro da Velha, Ilhéu da Ponta, Ilhéu do Meio e Ilhéu Maldito. Apesar da facilidade do percurso, é preciso tomar cuidado para não se aproximar muito das Gaivotas, especialmente quando elas estão com filhotes.
Trilha da Berlenga
O outro percurso da ilha, denominado Trilha da Berlenga, vai do Bairro dos Pescadores até o forte. Este caminho é um pouco mais exigente mas que pode ser feito tranquilamente por qualquer pessoa com um mínimo de preparo físico.
Seguindo a Trilha da Berlenga você poderá apreciar as paisagens mais belas da ilha. A trilha tem extensão de 3Km e passa pelo Farol, pelas Cisternas e finalmente pela Fortaleza de São João Batista, o ponto alto da visita.
Farol do Duque de Bragança
Também conhecido como Farol da Berlenga, o farol foi construído em 1840, no ponto mais alto da ilha. Uma curiosidade é que o farol, que já foi alimentado por computíveis líquidos (azeite e petróleo), passou a funcionar, desde 2001, com energia solar.
Fortaleza de São João Batista
A Fortaleza de São João Batista foi mandado edificar em meados do Século XVII por D. João IV. O objetivo do monarca era aumentar a defesa da cidadela de Peniche.
A fortaleza foi construída sobre um ilhéu junto à enseada da ilha. A ligação entre a ilha e a fortaleza é feita por uma ponte de alvenaria. Para se adaptar à morfologia do ilhéu, o engenheiro Mateus do Couto projetou uma planta octogonal irregular. Já no seu interior haviam diversas construções de planta retangular.
Dentre as inúmeras batalhas ocorridas na fortaleza, destaca-se a luta entre a guarnição portuguesa, comandada pelo Cabo Avelar Pessoa e o castelhano Diogo Ibarra, em 1666. O castelhando tinha o objetivo de raptar a rainha D. Maria Francisca de Saboia na sua chegada a Portugal. A rainha viria para o país para se casar com D. Afonso VI. A fortaleza foi atacada e bombardeada durante dois dias e acabou sendo tomada pelos castelhanos.
Palco de diversas estratégias militares por quase dois séculos, a fortaleza acabou sendo abandonada em 1847. Somente na década de 50 é que a o monumento foi restaurado e seu espaço adaptado para abrigar uma pousada.
Para chegar até a Fortaleza, você terá que descer uma escadaria enorme mas o visual é tão bonito que você vai querer parar a cada degrau para fotografar. A ponte de alvenaria que separa o ilhéu da enseada é banhado por água cristalina e de uma tonalidade de azul até difícil de descrever, criando um visual realmente cenográfico e que encanta a qualquer visitante.
Mergulho e Birdwatching
Com um mar de águas cristalinas, inúmeras grutas e uma diversidade de vida marinha bastante grande, o mergulho é uma das atividades de lazer mais procuradas nas Berlengas. Sargos, peixes-lua, salemas cor de prata e riscas amarelas, safias, polvos e estrelas-do-mar são algumas das espécies marinhas encontradas por lá.
Outra atividade que atrai muitos visitantes é o Birdwatching, a observação de pássaros. O símbolo da Reserva Natural é o Airo Uria aalge. Este pássaro, que lembra muito o pinguim, pode ser avistado nas Berlengas entre os meses de Janeiro e Julho. É nesta época que eles nidificam, ou seja, fazem seus ninhos, na ilha.
Algumas aves passam pela ilha somente durante o período de migração, enquanto outras fazem seus ninhos por lá. Dentre estes últimos destacam-se a gaivota-de-asa-escura Larus fuscus e a gaivota-de-patas-amarelas Larus michahellis.
Uma informação importante é que, devido aos alimentos artificiais oferecidos pelos turistas, a população da gaivota-de-patas-amarelas aumentou tanto que tem danificado a vegetação. Portanto, vai um alerta, não dê alimento aos pássaros.
Onde fica e como chegar até as Berlengas?
A Ilha da Berlenga fica a pouco mais de 7 milhas (11km) do Cabo Carvoeiro, em Peniche. Então, antes de mais nada, você precisa chegar a Peniche. Para isto, utilize a A8 e siga as indicações para a cidade.
Já em Peniche, dirija-se à marina que fica bem ao lado da Fortaleza de Peniche, muito fácil de encontrar. Há estacionamento fácil nas proximidades. O trajeto de barco dura cerca de 50 minutos mas, como já alertamos, dependendo da maré, a viagem pode ser bem difícil.
Há vários barcos que fazem o percurso. A seguir, listo alguns deles:
- Cabo Avelar Pessoa: este é o barco de carreira regular;
- Berlenga Turpesca: 262 789 960 / 963 073 818;
- Julius Cruzeiros: 969 006 943 / 262 782 636;
- Marina Marco: 262 187 510 / 965 424 975 / 962 554 203;
- Mensageiro do Mar: 262 785 738 / 965 167 233;
- Nautipesca: 917 588 358;
- Nevada: 916 192 850;
- Noa: 262 789 997 / 963 907 348 / 969 134 534;
- Sonho do Mar: 932 309 480;
Os valores e horários dependem da companhia, por isto preferi não listar aqui. Mas, só para ter uma ideia, em 2018, os preços praticados ficam entre 18 e 24 euros por pessoa. Crianças de 4 a 12 anos pagam o equivalente a metade do bilhete do adulto.
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